As diferente perspectivas de “Desenvolvimento e Responsabilidade Socioambiental na Economia Globalizada” foram tema do primeiro painel do terceiro e último dia do XI Fórum Jurídico de Lisboa, nesta quarta-feira (28/6).
A moderação ficou a cargo do advogado Raphael Carvalho da Silva, coordenador de Pós-Graduação do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP). Ele indicou que a responsabildiade socioambiental é uma “ferramenta de desenvolvimento econômico com inclusão social e proteção do meio ambiente”. Também destacou a importante missão institucional do Ministério das Cidades de “promoção da responsabilidade socioambiental no processo de planejamento urbano do país”.
O ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, complementou tal ideia e explicou que sua pasta foi recriada neste ano para enfrentar desafios da questão socioambiental dentro das áreas urbanas — como o saneamento básico, a habitação digna e de qualidade, as formas de locomoção e transporte etc. Ele ressaltou que cada R$ 1 investido em saneamento representa R$ 4 economizados na Saúde.
Jader também citou algumas alterações socioambientais na mais recente versão do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, a exemplo do uso de materiais com menos emissão de carbono e do aproveitamento da água das chuvas.
Por fim, o ministro compilou dados sobre o programa. No início do ano, 83 mil das 186 mil unidades habitacionais contratadas estavam paralisadas. De lá para cá, o governo federal retomou mais de 15 mil obras e entregou cerca de 10 mil. No segundo semestre, a previsão é de retomada de mais 25 mil.
A advogada Gabriela Araujo, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), falou sobre um dos objetivos da Agenda 2030 das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável: alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas, com foco em garantir a a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades de liderança.
Segundo ela, a igualdade de gênero deve ser encarada “como um eixo transversal, que conversa com todos os demais objetivos” da Agenda. O Brasil está muito atrasado quanto a esse objetivo, tendo em vista os indicadores de mulheres em posições de chefia e nos parlamentos nacionais e governos locais.
As mulheres representam somente 17,7% da Câmara. A porcentagem é consideravelmente inferior à média de participação feminina nos parlamentos das Américas, que é de 34,8%; e também à média mundial, que é de 26,6%.
Gabriela também destacou um conjunto de normas recentes que protegem as mulheres e incentivam a participação feminina não só na política (nesse caso, especialmente alterações na legislação eleitoral), mas também nas medidas do poder público.
A nova Lei de Licitações, por exemplo, prevê que os editais podem exigir um percentual mínimo de mão de obra composto por mulheres vítimas de violência doméstica. Já a recente Resolução 497/2023 do Conselho Nacional de Justiça obriga que todas as empresas terceirizadas pelo Judiciário reservem ao menos 5% das vagas para mulheres — sendo metade para mulheres vítimas de violência doméstica e a outra metadae para mulheres trans, travestis, migrantes, refugiadas, indígenas, campesinas, quilombolas, egressas do sistema prisional ou em situação de rua.
Esta edição do Fórum Jurídico de Lisboa tem como mote principal “Governança e Constitucionalismo Digital”. O evento é organizado pelo IDP, pelo Instituto de Ciências Jurídico-Políticas da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (ICJP) e pelo Centro de Inovação, Administração e Pesquisa do Judiciário da FGV Conhecimento (CIAPJ/FGV)
Ao longo de três dias, a programação conta com 12 painéis e 22 mesas de discussão sobre temas da maior relevância para os estudos atuais do Direito — entre eles debates sobre mudanças climáticas, desafios da inteligência artificial, eficácia da recuperação judicial no Brasil e meios alternativos de resolução de conflitos.